Vacina: Erro dos governadores foi esperar por Bolsonaro

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Doria: ‘A vacina é uma lição para vocês, autoritários que desprezam a vida’. Foto: Reprodução da Internet
Por Rafael Mesquita

Neste episódio da corrida pela vacina contra a Covid-19 no Brasil, teve quem acertou, teve quem errou. Não há dúvidas de que João Dória, governador de São Paulo, foi o político de atuação mais assertiva, mas, por outro lado, o maior erro político do momento foi cometido pelo conjunto dos demais governadores, sobretudo os que tiveram postura decente durante toda a pandemia.

Ingenuamente acreditando em alguma razoabilidade por parte do Governo Bolsonaro, os gestores estaduais não se prepararam para comprar diretamente, junto aos laboratórios mundiais, a vacina contra o novo coronavírus independente de qualquer iniciativa do Ministério da Saúde. Os governadores poderiam ter recorrido, por exemplo, ao Supremo Tribunal Federal, como fizeram para poder adotar as medidas sanitárias no início da crise de saúde, quando o presidente se colocava contra o lockdown.

Conforme especialistas, a demora do país que concentra mais de 10% das mortes por Covid-19 do mundo na aplicação da vacina é justificada pela retardada procura pelo imunológico. É óbvio, quem saiu na frente, garantiu a aplicação de doses primeiro. Os vizinhos latinos já vacinam há dias, o mundo já superou as 40 milhões de dose aplicadas. É preciso lembrar que não foram poucas as oportunidades em que o Governo Federal demonstrou que não iria contratar o medicamento. Notícias, meses atrás, davam conta de que o Brasil abria mão, seguidas vezes, de ter a garantia da vacina, mesmo quando farmacêuticas procuravam a gestão nacional. Mas os Governadores não estão nessa sozinhos. O imobilismo do Congresso Nacional – a maioria comprada por Bolsonaro – e falta de ímpeto do Poder Judiciário também são cúmplices desta situação vexatória.

Foi somente com o anúncio pelo governador João Dória de que vacinaria a sua população em janeiro que o país se movimentou e de alguma forma deu os primeiros passos para a garantia da vacina. Foi também quando os governadores despertaram de uma paralisia injustificável. Foi assim, por força política, mais do que por força da razão pública, que se iniciou de fato a luta pela medida sanitária, necessária diante de uma pandemia que já matou mais de 200 mil de pessoas no país.

Como disse a jornalista Samira de Castro em um grupo de WhatsApp, “um político, seja de esquerda, seja de direita, tem que ter senso de oportunidade e responsabilidade”.

Com ou sem “golpe de marketing”, Dória mostrou que é preciso interromper o “golpe de morte” aplicado por Bolsonaro nos brasileiros. Gostemos dele ou não, o Governador de São Paulo deu uma grande lição à classe política e fez história no domingo, 17 de janeiro de 2021, quando vacinou a primeira brasileira contra a Covid-19 – inclusive colocando uma mulher negra, servidora da saúde e periférica, como primeira imunizada.

Vacina sim! Ele não!

#ForaBolsonaro

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