Recorde: Brasil tem 271 candidaturas de pessoas trans em 2020

São 247 travestis e mulheres trans, 13 homens transmasculines e 10 pessoas não-binárias, onde 75% estão se candidatando pela primeira vez

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Por Igor Thawen, especial para o Mídia Queer

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) divulgou, na última segunda-feira, 19, o mapeamento completo das candidaturas de pessoas transexuais para as eleições de 2020. A pesquisa foi feita entre os dias 28/09 e 15/10 e traz dados expressivos: são 271 pessoas trans levantando vozes e colocando em evidência as necessidades da população. Das candidaturas, 25 são coletivas e há apenas duas para prefeitura e uma para vice-prefeitura.

Em comparação com a última eleição municipal, houve um aumento em 195% com relação a 2016, quando o Brasil elegeu 8 pessoas trans, dentre as 89 que eram candidatos. “Isso demonstra que as Travestis, mulheres Transexuais e homens Trans resolveram de fato adentrar esse mundo e muito disse se deve as recentes conquistas que temos alcançado, fruto da organização e luta dos movimentos sociais”, colocou a associação.

Em porcentagem, o Sudeste leva vantagem. 42% das candidates são do Sudeste, enquanto 29% são do Nordeste, seguido de 11% do Sul, 9% do Norte e também 9% do Centro-Oeste. Ao analisar as colocações políticas, são 51% da esquerda, 38,5% da direita e 10,5% do centro. Mas o dado mais gritante e expressivo de toda a pesquisa é que 91% das candidates alegam já terem sido vítimas de discriminação por ser uma pessoa transexual.

Também mostrando que o ambiente político ainda precisa se moldar aos novos tempos e incluir a diversidade como pauta de verdade, o estudo mostrou que 74% de todas as candidaturas encontrou dificuldade pela insuficiência em apoio, seja material, pessoal ou financeiro dos partidos que deram a sua candidatura. O Partido dos Trabalhadores (PT) mantém o maior número de pessoas trans, sendo 43 candidates pelo partido, seguindo de 26 candidates pelo PSOL e 21 pelo PCdoB.

O objetivo do levantamento, conforme a Antra, é evidenciar as candidaturas trans e colocar para a população LGBTI+ a chance de votar nas urnas em pessoas que levantem a bandeira da comunidade. “Ainda queremos celebrar a ousadia das pessoas Trans que apresentaram seus nomes em candidaturas coletivas ou individuais sabendo do esforço hercúleo que muitas delas terão que desenvolver para poder aparecer nesse cenário tão desigual. Não temos dúvidas que a experiência que muitas terão será uma propulsão para novos desafios, e que se não saírem vitoriosas nesse momento, é apenas mais uma batalha. E a luta continua. Desejamos sucesso a quem se compromete com a democracia e com as coletividades”, finalizou a entidade.

Veja a pesquisa completa clicando aqui.

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