Por que 28 de junho é o Dia Internacional do Orgulho LGBTI+?

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Orgulho LGBT de Nova York. Foto: NYC Pride
Por Rafael Mesquita
No Brasil e no resto do mundo, 28 de junho é o Dia do Orgulho LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais e outros orientações sexuais e expressões e identidades de gênero). A data tem origem em uma reação, em 1969, a sucessivas batidas policiais ao bar Stonewall Inn, em Nova York – o local era ponto de encontro (e de respiro) de gays, lésbicas, travestis, trans e drag queens em um momento em que espaços para a comunidade LGBTI+ eram incomuns.
Ações semelhantes da polícia, movidas por preconceito, eram frequentes à época, não só nos Estados Unidos como também em outros países, em geral justificadas por “conduta imoral”. Mas naquele 28 de junho, o transporte dos presos no bar demorou para acontecer.
Foto: New York Daily News
Indignada com a truculência da polícia, uma multidão começou a se aglomerar ao redor do bar para impedir o deslocamento dos detidos. Os ânimos se acirraram até o embate corporal entre polícia e comunidade LGBTI+.
O confronto foi dispersado no fim da madrugada com a chegada da política tática de Nova York e a prisão de mais de 10 pessoas, mas foi o estopim para outros protestos na cidade nas noites seguintes. No terceiro dia, mais de mil pessoas foram às ruas. Nascia assim, há 51 anos, o movimento social em defesa da livre orientação sexual e identidade de gênero.
No ano seguinte, a comunidade LGBT+ local decidiu homenagear a coragem na luta por liberdade e realizou a primeira parada gay do mundo na data. A partir daí, outros grupos se inspiraram e surgiram marchas em outras cidades. Hoje, 28 e junho são considerados dia e mês do Orgulho LGBT+.

42 anos do movimento LGBTI+ no Brasil

Membros do Somos – Grupo de Afirmação Homossexual depois de uma reunião geral nas Ciências Sociais da USP, 1980. Foto: Reprodução de História do Movimento LGBT Brasileiro
No Brasil, o movimento LGBTI+ surgiu há 42 anos. No começo da organização da luta do grupo no Brasil, tínhamos o chamado movimento homossexual, em 1978. A data marca o surgimento do primeiro grupo de mobilização por direitos, o “Somos – Grupo de Afirmação Homossexual”. A organização se manifestou em público pela primeira vez durante um debate promovido pela Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), em 1979, abrindo caminho para que outras organizações se estruturassem nos anos seguintes.
Também neste ano é fundado o jornal “O Lampião da Esquina”, editado por um grupo de intelectuais homossexuais, no Rio de Janeiro. A publicação independente era engajada na oposição à ditadura e na discussão de temas relacionados à homossexualidade masculina, mas também trazia questões relativas ao feminismo, às mulheres, aos negros e outras maiorias silenciadas. O “Lampião” fazia oposição à ditadura e servia para denunciar abusos contra LGBTIs, como a prisão arbitrária de lésbicas devido à orientação sexual, em 1980, em São Paulo, no que foi apelidado de “Operação Sapatão”.
Em 1980, ocorre o primeiro encontro de grupos homossexuais brasileiros organizados. Nesse mesmo ano, o Somos se divide e surge o primeiro grupo exclusivamente lésbico, o Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF).
As diversidades dentro do próprio movimento começam a ganhar mais visibilidade no início dos anos 1990, com foco em demandas específicas de cada um desses coletivos. Ao mesmo tempo, surge a primeira rede de organizações LGBTI+ brasileiras, a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT) e, a partir disso, ocorre uma multiplicação das organizações nacionais.

Calendário

Existem ainda outras datas específicas para cada sigla da comunidade: 29 de agosto é Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, 23 de setembro é Dia da Visibilidade Bissexual, 31 de março é Dia Internacional da Visibilidade Trans, 26 de outubro é Dia da Visibilidade Intersexo. A variedade é fruto da luta de cada comunidade para mostrar que existe e que tem reivindicações próprias.

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