Por Mães pela Diversidade, colunistas Mídia Queer
A luta pela diversidade no Brasil nos permite o aprendizado da tolerância para com o diferente, o distinto ou o distante. O interessante é que sem sentir o afeto pelo outro, o desafio da busca pelo respeito pode tornar-se um objetivo sem encantamento, ou seja, a sensibilidade do afeto é também um projeto em direção a um mundo mais acolhedor e solidário.
Este combate ao preconceito é um projeto de afeto que nos une e engrandece, não é um saber sem causa, não é repassar uma mera informação de que existe sexualidades alternativas, o nosso objetivo é primeiro de sentir, sentir a dor do outro e acolher, não se pretende apenas a conquista de garantias constitucionais. É antes de tudo uma causa que pretende se colocar no lugar do outro, beber na taça da diversidade com a mesma sede de quem é a toda hora xingado, maltratado e acusado de tratos ilícitos e incestuosos, enfim, dissolver a culpa de ser diferente e errado.
Nesse sentido, cabe também na nossa prática social desconstruir a ideia de uma sociedade binária, isto é, um sistema que divide as pessoas entre homens e mulheres, e determina um adestramento de afetos, impondo uma divisão que se afina com os objetivos moralizantes do Estado brasileiro ou de uma Igreja vacilante que ao mesmo tempo que prega o acolhimento, também faz coro com o pensamento de uma elite conservadora que se pretende mantenedora, guardiã e gestora da maioria dos lares interiorizando valores de adestramento entre os sexos.
Abusos e culpas, é essa intimidação que parece vigiar e punir qualquer tipo de amor que não se encontram nas páginas dos manuais do casamento heterossexual cristão. É preciso dizer em cada reunião desse coletivo que o céu está aberto, sem penitência, pois não há pecado em ser livre, expressar-se da forma que se quer, viver sem filtros.
Diante disso, em meio a diversas tragédias de suicídios e assassinatos, sendo o Brasil o país que mais mata Transsexuais e Travestis, desde 2018 o Congresso Nacional tem em suas mãos 13 projetos de Lei prioritários sobre direitos LGBT que nem se quer foram examinados.
Mas, onde nascem as pessoas LGBTS? Vêm de um outro mundo? É claro que não, o que se fez durante séculos foi caricaturar as práticas ditas supostamente transgressivas para uma sociedade conservadora e machista, até transformá-las num excesso – daí o estigma da inferioridade tão presentes em piadas de péssimo gosto que são potencializadoras de um processo preconceituoso que desde a tenra idade das nossas crianças se ensina como algo natural. Porém, para o público LGBT, representa uma duna de preconceitos, uma verdadeira via-crucis de dor e negação. Nesta lógica cruel, o equilíbrio passa a residir na dominação machista, numa sociedade onde os homens se tratam como machos e esse adjetivo é um calvário a mais nas formas e modos de ser diferentes. Logo, a vida não pode ser resignação e constrangimento, mas alegria e esperança de uma sociedade mais justa e colorida pela diversidade.
Afeto!! Um dos sentimentos que precisamos exercitar, e que o mães pela diversidade muito bem exerce esse poder. Respirar, acolher, amar.