Agosto é o mês das lésbicas. Hoje, 19 de agosto, é Dia do Orgulho Lésbico. A data foi escolhida em memória à primeira grande manifestação de mulheres lésbicas no Brasil, ocorrida em 1983. E, além deste dia, temos o 29 de agosto, em que se comemora o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. As efemérides contrapõem o histórico apagamento sofrido por mulheres lésbicas dentro dos movimentos LGBTI+ e feminista.
São Paulo, 19 de agosto de 1983
Na noite de 19 de agosto de 1983, em São Paulo, ativistas do Grupo Ação Lésbica Feminista (Galf) ocuparam o Ferro’s Bar para protestar contra os abusos e preconceitos que vivenciavam no local.
O bar era um ponto de encontro na noite paulistana, onde ativistas LGBTs e artistas podiam fazer suas performances e vender seu trabalho. Porém, um mês antes, os donos do estabelecimento haviam vetado a distribuição do boletim “ChanacomChana”, primeira publicação ativista lésbica do Brasil, e expulsaram as autoras do local.
Na noite da manifestação, integrantes do Galf conseguiram entrar no bar e obter a promessa dos donos de que não seriam mais impedidas de distribuir a revista ali.
Assim acontecia o “Stonewall brasileiro”, como a data passou a ser conhecida, pois possui acontecimentos muito próximos à histórica manifestação de gays, lésbicas e travestis contra a repressão policial em Nova York, em 28 de junho de 1969, que posteriormente daria origem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT.
41 anos de organização lésbica no Brasil
A organização das lésbicas brasileiras se iniciou há 41 anos, em 1979, quando as mulheres passaram a integrar o grupo Somos, a primeira organização LGBT do país, criada um ano antes e, na sequência, em maio daquele ano, fundaram o Grupo Lésbico-Feminista (LF).
Alguns anos depois, remanescentes deste grupo criaram o Galf, em outubro de 1981. Entre as pioneiras deste movimento estão Rosely Roth e Míriam Martinho, que estavam à frente da mobilização no Ferro’s Bar, em 1983, e da publicação “ChanacomChana”.