Mídia pratica transfobia ao declarar “dead names” de pessoas trans

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Por Alí Nacif

Como muitos já sabem, nesta semana os maiores sites, jornais e revistas noticiaram a declaração do ator Elliot Page a respeito de sua transgeneridade.

Pois bem, lendo as diversas manchetes, fui me deparando com diversas abordagens que eu considero erradas, já que muitos dos veículos usaram o “dead name” de Elliot em suas manchetes e textos.

Elliot Page no Festival Internacional de Cinema de Toronto no ano passado (foto de Amanda Edwards / WireImage)

Na minha avaliação, tal maneira de narrar o fato apenas contribui com argumentos, falas e ações preconceituosas, além de explorar, em busca de clique, audiência e leitores, o processo de afirmação de uma identidade trans, fazendo, nada mais nada menos, que reforçar um preconceito estrutural que é a transfobia.

Uma forma decente e funcional de noticiar seria apenas afirmar que o ator Elliot Page, que por sinal já recebeu indicação ao Globo de Ouro e ao Oscar de melhor ator por seu papel como personagem do filme Juno, DECLARA-SE uma pessoa trans.

Parando alguns minutos e “dando um google” nas últimas notícias sobre o assunto, conseguimos observar o quão ainda é escassa a informação, entre canais e veículos tradicionais de mídia, sobre as vivências trans.

Poucos são os jornalísticos que usam em seus leads, manchetes e títulos o nome masculino de Page, ao invés disso empregam o “nome morto” como forma de chamar a atenção dos espectadores, esquecendo da notícia principal, que é fato dele ter finalmente conseguido expressar e viver como é.

Saiba mais

DEAD NAME: um nome pelo qual uma pessoa transgênero era chamada e que pertencia ao gênero que diziam que ela tinha ao nascer, que ela não usa mais.

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