Mulher, periférica, negra, LGBTI+, para além de todas as opressões estruturais que sofria, Marielle Franco foi morta por aquilo que ela representava em seu conjunto.
Na noite do dia 14 de março de 2018, a vereadora do PSOL e o motorista Anderson Gomes foram brutalmente assassinados no centro da cidade do Rio de Janeiro, quando Marielle voltavam de uma roda de conversa chamada “Mulheres Negras Movendo as Estruturas”, em meio à intervenção militar do Rio de Janeiro.
Vereadora eleita com 46 mil votos, se destacava pela sua trajetória como defensora dos direitos humanos e, principalmente, contra a violência policial no Rio de Janeiro. Violência que a mesma denunciava via redes sociais e pelo seu mandato. A morte de Marielle também foi um duro golpe na questão de gênero, num país cuja representação feminina nas instituições políticas é baixíssima.
As investigações do duplo assassinato de Marielle e Anderson já superam o tempo de outros casos parecidos, como de Amarildo, que durou 80 dias, e da juíza Patricia Acioli, que durou 74 dias. Segundo denunciam as próprias autoridades, o envolvimento de agentes públicos, principalmente, de policiais e políticos dificulta a elucidação do caso.
O assassinato de Marielle se insere, infelizmente, no cenário de perseguição política histórica que os lutadores sociais sofrem no Brasil. Aqueles que resistem ao poder do capital, que criam barreiras aos seus interesses de acumulação e domínio, têm sido dizimados. Esta resistência vem de longe, desde as populações nativas e africanas escravizadas para a expansão do mercado capitalista via colonização.
Por tudo isso, neste 14 de março, 2 anos depois da execução, em um crime cujas ligações dos assassinos contratados chega até o Palácio do Planalto, movimentos sociais lançam manifestos e questionam: quem mandou matar Marielle e Anderson e por quê? O presidente do Brasil e sua família deveriam ser os primeiros a querer que os assassinatos fossem esclarecidos.
Com informações de Henrique Oliveira e Raquel Melo.