Capitão Wagner retira propostas LGBTI+ do plano de governo

Cada dia mais bolsonarista no marketing de campanha, Capitão Wagner fez dobradinha com Heitor Feire para atacar os direitos LGBTI+

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Imagem: Reprodução / TV Cidade

No último sábado, 7 de novembro, aconteceu o primeiro e único debate realizado em televisão aberta com os candidatos a prefeito de Fortaleza, exibido pela TV Cidade, do Grupo Cidade de Comunicação.

Marcado por diversos embates entre os candidatos, o encontro ignorou, na maior parte do tempo, a discussão de propostas para população LGBTI+, exceto por um questionamento feito por candidato Heitor Freite (PSL) a Capitão Wagner (PROS), que levou o ex-militar a recuar nas poucas iniciativas que propunha no campo da diversidade sexual.

Ao ser interrogado por Freire sobre uma medida de seu plano de Governo que previa formações sobre os temas de gênero e sexualidade, o que o nome do PSL denominou de “ideologia de gênero”, o candidato do PROS rebateu afirmando que, após tomar conhecimento, retirou a propositura, dando a entender que a mesma teria sido incluída no programa de sua candidatura sem o seu consentimento.

Acompanhe no vídeo:

O recuo acontece no momento em que Wagner muda o foco de sua candidatura, que tem se apresentado mais conservadora, inclusive ao passar a veicular o apoio do presidente de extrema-direita e de viés fascista de Jair Bolsonaro. Analistas apontam esta como uma tentativa de frear as quedas nas pesquisas e garantir a vaga no segundo turno. No entanto, a decisão vai na contramão do que pensam os eleitores da cidade, que se mostraram favoráveis a pauta da cidadania LGBTI+. Veja aqui.

Em levantamento feito no início de outubro pelo Mídia Queer, que analisou as propostas para LGBTI+ nas eleições de Fortaleza, o Capitão era destacado como um dos nomes que produziu ao menos uma menção às demandas do agrupamento populacional.

A falsa “ideologia de gênero”

Amantes da desinformação, nomes de extrema-direita como Heitor Freire e Capitão Wagner, usam a expressão depreciativa “ideologia de gênero” para descredibilizar as discussões relacionadas ao feminismo, à sexualidade e à diversidade, seja nas escolas ou fora delas. Eles acreditam que essa “ideologia” faria parte de um plano mundial para destruir a família cristã e a heterossexualidade.

O conceito é bastante diferente dos de “estudos de gênero” e “teoria de gênero”, campos de estudo acadêmico sobre questões relativas a gênero e sexualidade na sociedade, surgidos nos EUA a partir dos anos 1970.

A interpretação conservadora sobre a “ideologia de gênero” ainda difere muito do que a ONU propõe como debate de gênero, que seria a busca de igualdades de condições entre homens e mulheres (não só em termos sexuais e reprodutivos, mas também de acesso ao mercado de trabalho e de nível salarial, por exemplo).

A difusão do termo “ideologia de gênero” também costuma causar confusão entre os reais conceitos de identidade de gênero, orientação sexual e sexo, de acordo com o que reconhece a Unesco (organismo das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Veja a seguir:

  1. Identidade de gênero é a “experiência interna e individual profunda do gênero de cada pessoa, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento, incluindo o senso pessoal do corpo”. O que se entende por “gênero” são os atributos construídos socialmente associados ao fato de se reconhecer como masculino ou feminino;
  2. Orientação sexual é “a capacidade de cada pessoa de ter uma profunda atração emocional, afetiva e sexual por indivíduos” seja de gênero diferente, mesmo gênero ou mais de um gênero.
  3. Sexo é definido como “características biológicas e fisiológicas (genéticas, endócrinas e anatômicas) utilizadas para categorizar as pessoas como sendo integrantes da população masculina ou feminina”.

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