As mães pela diversidade e a visibilidade lésbica

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Portrait of lovely lesbian couple having fun and taking a selfie against light blue background. LGBT concept.
Por Mães pela Diversidade, colunistas do Mídia Queer

Em uma sociedade patriarcal como a nossa, brasileira e profundamente conservadora, ser mulher e amar outra mulher ultrapassa os limites da sexualidade. Portanto, essa escolha da mulher passa a ser também uma decisão e vivência política que rompe com aquilo preestabelecido como conduta “normal” pela sociedade vigente.

E quando essa visibilidade do amor entre iguais, em se tratando de mulheres, passa a pautar e a mostrar-se no nosso cotidiano, sempre aparecem também agudos os preconceitos evidentes ou escamoteados. Então, a mulher passa a sofrer duplamente: tanto por ser mulher como por amar ou relacionar-se com outra mulher.

E, nesse intervalo, a sociedade que se acredita “legal”, inventa fórmulas para em primeiro caso rotular e em outro momento regular de forma ditatorial esse relacionamento entre as mulheres. É assim que esse pensamento medieval lança mão do argumento arcaico do “pecado”; da mesma forma, passa a regular essas relações tentando deslegitimar a possibilidade de amor e plenitude entre mulheres. De negativas judiciais, guarda de filhos ou filhas por companheiras, até o assassinato de ex-esposas que viviam relacionamentos com outras mulheres, o noticiário sério e sensacionalista está cheio.

Se é verdade que a tal “sociedade normal” não tem conseguido sucesso em seu intento de silenciar esses afetos e relações, também é verdade que por conta dessa mesma impossibilidade de destruir essas relações lésbicas muitos tem buscado na violência uma clara alternativa para varrer de sua rotina a vida e o sonho de tantas mulheres. Nesse sentido, basta dar uma olhada nos índices de crimes contra lésbicas no Brasil e no Mundo.

Nesse cenário, a visibilidade lésbica tem sido, na maioria das vezes, mais trágico que benéfico. Tem mais evidência o crimes que acontecem contra as mulheres lésbicas do que os relacionamentos sadios e libertários que evidenciam que a escolha sexual jamais pode servir de parâmetro para qualquer tipo de juízo de valor, seja legal ou moral.

Por isso, sempre é preciso valorizar a luta histórica, tanto no cotidiano como no itinerário de buscas. Sem a procura incessante e a determinação aguerrida em torno de pautas humanas e libertárias, um dia é apenas um marco no calendário. É preciso transformar esse dia no lugar comum onde todos e todas sejam respeitadas e admitidas na sociedade sem que os limites da diversidade sexual sejam preponderantes como significado ou ética.

O movimento nacional Mães Pela Diversidade, que busca acolher as vítimas dessa sociedade intolerante, tem buscado o diálogo tanto entre o Estado, que deveria pronunciar-se sobre essas violências, bem como defendido o livre convívio e demonstrações de afeto entre as mulheres. Dentro dessa perspectiva, a diversidade sexual é ponto inegociável para levar em frente qualquer posicionamento legal, seja do Estado ou da sociedade. As lésbicas, como todos os demais indivíduos, têm o direito e o dever de viver e integrar-se ao escopo do que legitimamente as pessoas podem chamar de Nação.

Mães pela Diversidade do Ceará: Agrupamento local do coletivo que tem como pilares a independência, laicidade e o suprapartidarismo. Nasceu em São Paulo, em 2014, fruto de um encontro espontâneo de mães e pais de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais de todo o Brasil, preocupados com o avanço do fundamentalismo religioso, a insegurança jurídica, o preconceito e a violência contra a população LGBTQI+.

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