Morre aos 57 anos a militante travesti Thina Rodrigues

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Foto: Arquivo Pessoal

A militante histórica do movimento LGBTI+ do Ceará e presidenta da Associação de Travestis do Ceará (Atrac), Thina Rodrigues, faleceu na manhã desta segunda-feira, 29, vítima de Covid-19.

Thina tinha 57 anos e também atuava na Coordenadoria de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza. Ao longo das últimas semanas, batalhava pela vida na UTI do Hospital Geral de Fortaleza (HGF).

A história da travesti é de muita resistência e luta. Natural de Brejo Santo, foi expulsa de casa aos 17 anos, vindo morar em Fortaleza. Aos 20, foi presa por ser travesti. Nos anos 2000, fundou, junto à ativista Janaína Dutra (1961 – 2004), a Atrac. Em toda a sua trajetória no movimento, por mais de 30 anos, foi uma voz ativa da luta LGBTI+ cearense, compondo fóruns, paradas, debates e conferências de políticas públicas.

“Começamos a lutar pelo direito de ir e vir e de existir de todas nós. Passamos a ser protagonistas das nossas próprias histórias. A nova geração está vivendo o que construímos para ela, mas o preconceito não vai acabar. Cada menina maltratada na escola, no posto de saúde, me machuca. A luta precisa continuar”, disse Thina em entrevista ao Diário do Nordeste em 20 de novembro de 2019. Para o jornal, a militante declarou que gostaria de ser lembrada apenas “como uma pessoa simples, lutadora, ativista e militante que vai ficar muito feliz quando as travestis e trans forem aceitas de forma plena”.

O sepultamento da ativista acontece às 14h30 desta segunda, no Cemitério São João Batista. Diante da pandemia, será reservado.

Manifestações de pesar

A Coordenadoria Especial de Diversidade Sexual da Prefeitura de Fortaleza divulgou nota de pesar onde reconhece o importante papel da militante da luta pela livre orientação sexual e identidade de gênero. “Mulher, travesti, preta, militante, guerreira… deixa em nós uma imensa saudade e inúmeras recordações da trincheira desta guerra”, diz o documento.

O Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (FONATRANS) reconheceu o trabalho da militante na fundação do movimento travesti do Ceará.

Partidos políticos, como o PSOL e o PDT também manifestaram pesar pela partida de Thina.

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