98,7% da população LGBTI+ reprova a atuação do presidente da República, Jair Bolsonaro, durante a pandemia. Os dados são da pesquisa “Diagnóstico LGBT+ na pandemia”, produzida pelo Coletivo #VoteLGBT, organização criada em 2014 com o objetivo de aumentar a representatividade dessa população.
Realizado de 28 de abril e 15 de maio de 2020, o estudo ouviu 10.065 respondentes, nas cinco regiões brasileiras, de maneira virtual, em função do isolamento social.
Reunindo informações sobre a situação emocional, social, financeira, política e sobre a saúde física e mental, a pesquisa cumpre o objetivo fornecer dados para que outras organizações e gestores possam subsidiar ações e política públicas em favor da comunidade LGBTI+ nesta crise sanitária.
Governadores têm mais credibilidade
Já no caso dos governadores, o levantamento aponta que 74,78% dos ouvidos aprovam a atuação dos gestores estaduais, “mostrando que o foco da reprovação de políticas públicas está realmente localizado na figura do atual presidente, o qual utilizou de uma agenda abertamente lgbtfóbica desde a sua campanha”, diz a análise.
A política da angústia
O estudo assinala que a ausência de soluções e perspectivas reforça o sentimento de desamparo, solidão e decepção sobre as políticas do Governo federal em relação às pessoas LGBTI+.
“Com um governo que vai contra tudo o que eu acredito e que faz merda atrás de merda, realmente é difícil ter algum tipo de segurança e até mesmo de conforto nesse momento”, relatou um dos pesquisados, que teve a sua identidade preservada.
A pequeníssima representação política institucional LGBTI+ reforça o sentimento de não se perceber parte do Estado. O #VoteLGBT lembra que em 2018 apenas oito representantes autodeclarados da comunidade foram eleitos, sendo seis nas assembleias estaduais, quatro na Câmara dos Deputados e um no Senado. Embora um dos mais votados, o deputado federal Jean Wyllys e deixado o Brasil, tenha renunciado ao cargo após seguidas ameaças de morte e perseguições provocadas pela extrema direita que subiu ao Planalto. Jean, por sinal, é identificado na pesquisa como o primeiro parlamentar federal representante desse segmento, quando eleito em 2014.
Corrida para casamentos
Com relação aos casamentos homoafetivos, a pesquisa mostrou que desde a eleição do atual presidente, no entanto, houve um efeito colateral inverso: um aumento considerável de 33,81% nos casamentos, “devido à preocupação com a possível eliminação deste direito recentemente conquistado”, explica o Coletivo.
Mais dados
Nos próximos dias, o Mídia Queer apresentará mais dados do estudo. Para saber mais sobre o coletivo #VoteLGBT e acessar a análise na íntegra, visite o site: www.votelgbt.org