Parem de chamar movimentos fascistas de ativismo; Fascismo não é ativismo

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Imprensa brasileira erra ao chamar Sara Giromini, extremista fascista conhecida pelo pseudônimo Sara Winter, de ativista. As manchetes, veiculadas na manhã desta segunda-feira (15), repercutiam a prisão da líder de grupo de extrema direita em Brasília, após investigação sobre movimentos antidemocráticos.

Jornalísticos erram e dão outro sentido à informação ao não dar as coisas o nome que elas têm. Portais Folha, R7 e InfoMoney na noite de ontem, 15.

Sara é chefe do grupo 300 do Brasil, de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo a investigação que levou à sua prisão, o grupo é suspeito de organizar e captar recursos para atos antidemocráticos e de crimes tipificados na Lei de Segurança Nacional. Integrantes do grupo participaram de ato no último sábado (13), quando manifestantes lançaram fogos de artifícios contra o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF).

Como destacou o perfil no Facebook da União Nacional dos Estudantes (UNE), “fascismo não é ativismo”. Jornalões, como a Folha de SP, que possui rigoroso manual de redação, precisam atentar a estes “detalhes” imprescindíveis.

“Chamá-la de ativista é um eufemismo mal colocado, a realidade é cruel e a imprensa precisa dar nome aos bois”, completa a entidade estudantil, que foi um dos focos de resistência ao regime autoritário militar (1964-1985) que se instalou no Brasil e foi inspirado no fascismo europeu.

A excessão positiva a tudo isso foi a do Grupo Globo – nas TVs e periódicos digitais. Como destacou o jornalista Rique Sampaio no Twitter, ao noticiar a prisão de Sara, a empresa de mídia lembrou: “que seu sobrenome é Giromini; que adotou Winter em homenagem a uma espiã nazista, chamando-a de extremista; que seu grupo 300 tinha 30 pessoas e mostrou vídeo em que Bolsonaro chama os ‘300’ de base”.

Como sempre lembra a também jornalista Fabiana Moraes, o jornalismo erra, confunde, desorienta e não informa “quando não nomeia as coisas pelo que elas são”. Fabiana salienta, em artigo para a Piauí, que “a imprensa se apequena e se autoimplode quando não cumpre seu papel fundador: o do esclarecimento”.

O fato é que, na ânsia de simplificar, veículos jornalísticos muitas vezes desinformam, quando usam, por exemplo, o termo ativismo como sinônimo de manifestação ou protesto.

As ações de Giromini, que, como podemos ver, não esconde a inspiração nos regimes genocidas, são puramente fascistas, baseadas em uma ideologia política radical – que prega a morte do diferente – e de espectro político da direita conservadora – que segrega, escraviza e extermina a ideologia oposta.

É preciso que o jornalismo denuncie a aliança política e a agenda programática fascista que hoje são expostos por figuras como Sara ou pelo próprio presidente do país.

Pessoas como a extremista presa devem ser expostas, para que suas ideias anti-povo não ganhem lastro na sociedade.

Não se pode ser complacente com quem é contrário aos direitos humanos; aos direitos civis, políticos, sociais e trabalhistas; aos direitos das mulheres, da juventude, dos negros e negras, dos pobres e das lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres transexuais, homens trans e intersexuais (LGBTI+).

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